02 fevereiro 2010

Chuvas intensas provocam derrocadas e inundações em Machu Picchu, Perú

As chuvas e os aluimentos de terras deixaram mais de 2000 turistas bloqueados na cidadela inca de Machu Picchu, no Peru, onde as inundações causaram pelo menos sete mortos. As autoridades estão a evacuar a região com quatro helicópteros da polícia e do Exército, mas esta manhã as condições climatéricas pioraram e as operações foram interrompidas. O Governo já enviou mais de 20 toneladas de ajuda humanitária e mil tendas para a região.

“A montanha parecia de areia porque estava a cair por todos os lados”, contou ao diário peruano “El Comercio” a argentina Jessica Kleisa. “Nesse momento Washington estava a guiar-nos, estava a correr connosco (...) Ouviu-se um estrondo e ele gritou ‘corram’, mas depois caíram cinco rochas que o mataram”. O guia Washington Hurrala, de 33 anos, foi uma das vítimas dessa derrocada em que morreu também a argentina Lucila Sarlo, de 23 anos.

Nessa altura o grupo estava já no terceiro dia do seu percurso pelo Caminho Inca e tinham chegado ao último acampamento. “Tinha acabado de amanhecer e corríamos para salvar as nossas vidas porque sabíamos que tinha havido um aluimento. Estava tudo instável”, recordou Jessica Kleisa, já na cidade de Cusco.

Foi criada uma ponte aérea para resgatar os turistas, com helicópteros da polícia e do Exército mais dois aviões particulares, que até ontem tinham conseguido levar para locais mais seguros pelo menos 260 pessoas.


No Caminho Inca ficaram bloqueados pelo menos 670 turistas, enquanto 1900 tiveram de permanecer em Aguas Calientes, abaixo de Machu Picchu. Dois homens morreram soterrados na sequência das avalanchas, uma mulher e o seu filho morreram depois de a sua casa ter desmoronado e há também cerca de 13 mil pessoas afectadas pela destruição causada pelas derrocadas ou as inundações, adiantaram à AFP responsáveis da protecção civil. Com o caminho-de-ferro que liga Aguas Calientes a Cusco interrompido, muitas pessoas esperam pela ajuda prestada por via aérea.


As operações de salvamento estão também a ser marcadas por acusações de que está ser dada prioridade a quem tem mais dinheiro. “Ontem, um helicóptero levou as pessoas mais idosas, os doentes e alguns turistas que tinham mais dinheiro. Quase não há americanos. Ficaram apenas alguns americanos e ingleses de mochila às costas, mas as pessoas que viajam com um operador turístico, e que têm visivelmente mais dinheiro, já foram todas levadas para locais mais seguros”, disse ao jornal online “Emol” Fernando Celis, um dos 300 chilenos que ontem ainda se encontrava em Aguas Calientes. “Não nos deram de comer, cada um teve de se organizar”, adiantou.

Aquele local, a cerca de 2500 metros de altitude, recebe todos os anos 800 mil turistas, cerca de 2500 por dia. Os que estavam agora de visita a Machu Picchu esperam que os vão buscar, depois de terem pernoitado num campo de futebol, nas hospedarias ou nas carruagens do comboio da PeruRail que não pode seguir viagem. Várias zonas de Cusco ficaram sem electricidade e foi decretado o estado de emergência durante 60 dias. Estas foram as chuvas mais intensas dos últimos 15 anos.

Público 28/01/2010



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