09 julho 2010

Pequeno tornado e "tsunami meteorológico" atingiram ontem o Sul do país

O alerta foi dado por volta das 10h00, quando os ventos já tinham derrubado várias árvores, destruído quatro postes da PT e um cabo de alta tensão.

Contactado pelo PÚBLICO, o Instituto de Meteorologia (IM) admitiu não saber para já o local exacto da ocorrência do fenómeno, mas a Protecção Civil de Beja indica que os ventos fortes afectaram sobretudo a região de Ferreira do Alentejo.

Vânia Lopes, do gabinete de comunicação do IM explica que o tornado de pequena escala terá sido causado por vários fenómenos associados a condições de instabilidade atmosférica, como ventos fortes, trovoadas secas ou molhadas e queda de granizo.

De acordo com o Segundo Comandante Distrital da Protecção Civil de Beja, Carlos Pica, o fenómeno atmosférico causou danos no concelho de Ferreira do Alentejo, na localidade de Odivelas, e em toda a extensão até Alcácer do Sal, já no distrito de Setúbal.

Os ventos fortes provocaram a queda de cinco árvores de grande porte e quatro de médio e pequeno porte, que obstruíram a circulação do trânsito em várias estradas da região. A queda de um cabo de alta tensão provocou um incêndio numa exploração agrícola, rapidamente extinto por elementos das corporações de bombeiros que se dirigiram para o local. Nas operações, estiveram envolvidas cinco viaturas, 17 bombeiros dos Corpos de Ferreira do Alentejo, Beja e Alvito. Carlos Pica garantiu ao PÚBLICO que não há registo de vítimas.

"Tsunami meteorológico" passou despercebido à maioria

Já no Algarve, as oscilações do mar chegaram aos 40 centímetros, apesar de o fenómeno ter passado quase despercebido à maioria das pessoas.

Óscar Ferreira, professor e investigador do Departamento de Ambiente e Ciências da Terra da Universidade do Algarve, assegura que a costa Sul do país foi atingida por um “tsunami meteorológico”, “provocado por uma rápida diferença de pressão atmosférica, dada a passagem de uma frente atmosférica de alta pressão, da parte da noite, na zona de Sagres”.

A onda, detectada em vários marégrafos de Portugal e Espanha, “esteve em ressonância e continuou a fazer-se sentir durante todo o dia de ontem”, disse Óscar Ferreira. O investigador esclarece que “o fenómeno é raro”, “não provocou quaisquer danos” e descarta a hipótese de o aquecimento global estar na origem do acontecimento.
Fonte: Público.pt

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